quarta-feira, 3 de junho de 2015

DONA MIRACI


DONA MIRACI

Dona Miraci foi ao mercado
Estranhamente vestindo uma roupa de diabo,
Cabelo cor de ouro, perfume de enxofre.
A saia justa, num vermelho em couro,

pernas desnudas de unhas negras afiadas,
e seu rabo apontando
para os pés de cabra (que querem dançar )

 Dr  Lepchak  extrai  cérebros,
Degusta desde cedo, com  leite e  café
 remédios coloridos –
 num céu com vários sóis
Psicotrópicos para um dia feliz,

Psiques confusas com sorrisos bobos,
lobotomias sinceras
abrem a porta de um país das maravilhas,
onde  Alice e seu Gato gargalham o  sentido da vida.

Agora ele usa um perfume de formol francês -
num traje de alvo branco cirurgião
e num necrotério – estante de carnes cruas.
Faz compras,  sonha com o amor

E eles  querem o afago sincero das mãos do monstro –
a unha  que arrepia o pescoço,
um rodar perturbado em  insanos carroceis-
até que o mundo gire ao contrário,
e os girassóis de Van Gogh

sejam as flores de um novo encontro.

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